Para Meditares

Vou escutando e observando
decididamente me inquietando
perante extraordinário memorando
que a humanidade está atravessando.

Não sei onde impera a verdade
quando a não verdade impera
a multidão desespera
sentindo a sua inutilidade.

Tudo pode ser comunicado
e assim se descreve
tal como se opina breve
desde que tenha fiel mercado.

Todo o cuidado é pouco
eis o dia a dia
teremos de ser nós a guia
neste universo louco.

O diálogo morreu
a violência triunfou
ligeiramente a fé acrescentou
a psiquiatria venceu.

O filme muito bem construído
com uma agradável imagem
avança serenamente com coragem
na profundeza do nosso espírito.

Desencanto

A euforia e a serenidade
conduzem a realidade humana
e reafirmam a verdade inhumana
adoçando a radical egocentridade.

A desilusão paira no ar
produto do descontentamento
e a responsabilidade é do outro
que desafia a capacidade de ouvir e pensar
e assim promove o isolamento.

A paciência tem um limite
esperemos que não se esgote
nem sempre é possível
ultrapassar o impassível.

Continuemos o nosso caminho
de sensaçôes e emoções
alegrias e diversões
por vezes com um respeitoso tintinho.

Afinal quando tudo parece errado
e nada pode ser efectivamente alterado
pouco ou nada resta
e aí a multidão rapidamente se manifesta.

Contudo o acordar para a realidade
é deveras ousadamente tardio
porque o poder controla o fastio
e a ilusória vitória da verdade.