Introspecção

Avanço com passo periclitante
a angústia e o medo invadem o meu coração
Tudo em redor tem o seu quê de razão
embora caminhe titubeante.

Tudo parece incerto
o movimento das avenidas tornou-se inferno
o rebuliço do tráfego equipara-se ao deserto
e a Vida encurtou e ficou cada vez mais perto.

Não sei bem a razão de tal facto
a insegurança jorra a rodos
o cumprimento deixou de ter os seus modos
e apenas resta uma ténue falta de tacto.

Discute-se sobre os Valores Humanos
enquanto o lar doméstico presenteia-nos com horrendos danos
a Família como célula social produz enganos
porque a pachorra acabou para os mais mundanos.

A violência instalou-se
e rapidamente os seus defensores aumentaram
diplomacias e caldinhos de galinha proliferam
mas ao fim ao cabo a Humanidade acomodou-se.

Pouco a pouco tudo o que um dia sonhei
vai desaparecendo tal como bola de neve
a antipatia, o comodismo e o egocentrismo sobrevive
restando em mim a mágoa que não foi neste Universo que me criei.

Paro e escuto atentamente
não vá o diabo tecê-las
o olhar obriga a temê-las
porque a pouca sorte abunda constantemente.

Apregoam-se ideias mirabolantes
como se as soluções para os problemas fossem milagres
os nossos governantes transmitem felicidades abundantes
enquanto que os problemas sociais cada vez são mais galopantes.

Evidentemente estamos anestesiados
e o seu efeito duradouro é devastador
quase que não existe lugar para o verdadeiro Amor
porque definhamos derrotados, desesperados e aprisionados.

Tudo vai na crista da onda
indiferentes ao Mar tenebroso
aparecendo o hábil ardiloso
impondo pouco a pouco a sua ronha.