Silêncio

Quero ponderar
se é que sei o real alcance do pensar
prefiro estar só e aguardar
quero recordar o meu contínuo acordar.

Tão pouco sei
ainda tenho tanto para aprender
sei que falo, dificilmente subscrevo o conhecer
a razão, o porquê do que vagamente falei.

Partindo de um simples viver
perante um simples inventar
mediante um simples matutar
vai triunfando o apurado paladar.

Não tenho absolutas certezas
de tudo porque passei
prossegui e despertei
olhando naturalmente as agradáveis belezas.

Sei que vivo num vasto universo
no qual eu cresci como túmulo
evitando a custo qualquer cúmulo
ouvindo e seleccionando a pureza do verso.

Mergulho o meu ser no incerto
que afirmo e julgo saber
submergindo a insatisfação do prazer
face ao que considero incorrecto.

E Eu no sossego do meu leito
observo atentamente que a realidade é cruel
assemelhando-se a uma simples folha de papel
porque no íntimo de mim próprio nada é perfeito.

Estou atento
como humilde servo do pensamento
reafirmando a descrença no discernimento
apesar da minha rapidez tudo é infinitamente lento.

Saio do meu corpo
para poder parar
infelizmente tudo me obriga a avançar
reagindo como se já estivesse morto.

Chega a hora da reconciliação
preocupo-me com a absolvição
ansiando pela maravilha da criação
o Humano venceu a maior prova de avaliação.